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quarta-feira, 16 de abril de 2008

POESIA


"Corpo de mulher,

brancas colinas,

coxas brancas,

assemelhas-te ao mundo no teu jeito de entrega.

O meu corpo de lavrador selvagem escava em ti

e faz saltar o filho do mais fundo da terra.

Fui só como um túnel.

De mim fugiam os pássaros,

e em mim a noite forçava a sua invasão poderosa.

Para sobreviver forjei-te como uma arma,

como uma flecha no meu arco,

como uma pedra na minha funda.

Mas desce a hora da vingança,

e eu amo-te.

Corpo de pele, de musgo,

de leite ávido e firme.

Ah, os copos do peito!

Ah os olhos de ausência!

Ah as rosas do púbis!

Ah a tua voz lenta e triste!

Corpo de mulher minha, persistirei na tua graça.

Minha sede,

minha ânsia sem limite,

meu caminho indeciso!

Escuros regos onde a sede eterna continua,

e a fadiga continua,

e a dor infinita."


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