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quinta-feira, 12 de junho de 2008

MENSAGEM









"Água cristalina,

Solitária nascente

Gotejando sementes,

Construir o presente

No ventre de uma mulher.

Fertilizar a terra,

Sagrada vertente,

Benção da Criação.

Filetes de pedra,

Mais parecem espinhos,

Cristalinas escarpas,

Fronteiras em desalinho.

Eu vi um menino

A escalar a montanha

E a escrever com as mãos

O seu próprio destino.

Braço de um rio

A sagrar o seu curso,

Navegar, navegar...

Descobrir o seu ninho,

Aportar, lançar amarras,

Alterar seu destino.

Fazer do amor que floresce

A razão dos seus sonhos.

Poderosa enchente

Que a tudo renova

Adernar, naufragar,

Se afogar no delírio.

Descobrir que a dor

Impulsiona o ser.

Desgovernado que seja,

Alterar o seu curso,

Ser um mar raivoso,

Ser a foz de um rio,

Ou uma velha embarcação

Resistindo ao açoite.

Prosseguir mar afora,

Peregrino e vadio,

Pela força dos ventos

Da saudade e do cansaço.

Eu vi um menino,

Sobrevivente dos tempos,

A escrever com as mãos

O seu próprio destino,

A procurar um norte,

A desafiar a morte,

Suas mãos calejadas

Por lutar contra a maré."


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